Empreendedorismo

Buscando seu porquê empresarial – entre erros e acertos

Você já se perguntou por que trabalha na sua empresa? Ou por que está fazendo está atividade? Por que não é empresário? Ou por que decidiu ser empresário? Enfim, esses inúmeros porquês fazem parte de uma realidade constante no mundo corporativo, onde gastamos nossa moeda mais preciosa – o tempo – em atividades ou empregos que não se comunicam com o sentido de você realizar o que realmente gosta.

Desejar aquele projeto que te desafia a estender suas fronteiras e força você ir além do óbvio… Pois é!! Tem que se perguntar por que não está nele!

Para Simon Sinek, em seu livro “Encontre seu porquê”, a realização não é uma loteria. Não é uma sensação reservada para poucos sortudos que podem dizer: “Eu amo o que eu faço!”, pois é tarefa de um líder criar um ambiente inclusivo onde as pessoas se sintam parte de algo maior, de uma engrenagem que necessita de vários comandos e funções em diferentes áreas. Não necessariamente precisa ser doloroso trabalhar na empresa ou ter seu próprio negócio. Pelo contrário, não há realização maior do que se sentir realizado desempenhando tarefas que façam você se apaixonar todos os dias pelo que faz, encontrando, assim, um sentido para sua vida profissional e prosperidade nos negócios.

Digo em minhas mentorias que um líder sempre administra pelo exemplo, e seu papel é ser um agente de mudança transformador no ambiente corporativo, eventualmente até pode ter um mau dia… mas tem que passar rápido, pois o reflexo pode ser uma equipe improdutiva e insatisfeita. Pense nisso!

Sinek sugere uma abordagem de círculo dourado, inspirado em grandes líderes como Steve Jobs, Martin Luther King e irmãos Wright, o qual consiste em mergulhar profundamente na essência do que fazemos para descobrir por que o fazemos, onde migramos de uma expressão do que fazemos, o qual muito comum descrevermos nossas tarefas como uma lista de compras… para qual sentido e impacto de minha atividade na empresa em que trabalho, na vida de meu cliente, na construção de minha personalidade, no orgulho de minha família… Se não encontrarmos algumas dessas respostas ou respondermos de forma “rasa”, lamento informar, mas você pode tentar enganar os próximos a você, mas nunca a si mesmo.

Esses dias vi algumas postagens no Linkedin sobre desabafos de vagas de candidatos não selecionados em processos seletivos, e uma me chamou atenção, pois o candidato acusou claramente a empresa de práticas inadequadas em relação a sua aparência, teve-o mais de 20.000 curtidas e as opiniões mais diversas, e divulgou o texto da empresa informando que para aquela vaga necessitava de alguns atributos que entenderam que outro candidato foi melhor colocado, pois tratava-se de atendimento ao público. Por que estou descrevendo isso? O título dessa mensagem começa como meu “sonho” era trabalhar no RH, mas como o RH me tratou… indiretamente a mensagem com desabafo. É um pedido de ajuda para recolocação, porém a forma remete a algo muito ruim para o candidato, pois em vez de buscar desenvolver a essência de cuidar bem as pessoas e discrição na condução dos assuntos corporativos, remeteu ao contrário, pois quando se fala de boa aparência não é aspectos físicos, mas todo contexto que envolve a área de gestão de pessoas; obviamente se teve algo em relação a qualquer tipo de preconceito deveria ter procurado as autoridades competentes, mas buscar as redes sociais não o ajudou a conseguir o tão sonhado emprego.

Nesse exemplo, a busca pelo porquê deveria ser a materialização de um sonho por meio de uma preparação cuidadosa de quais atributos seriam necessários para vaga e como eu posso me preparar além de uma análise do perfil da empresa nas redes sociais, descobrindo quais são seus valores, crenças e objetivos poderiam ter colocado o executivo no caminho certo de sua seleção. Vamos supor que, ao entrevistá-lo, ele realmente não tivesse todos os atributos necessários, mas poderia ter focado no propósito de contribuir com os mesmos objetivos e crenças que aquela empresa possui. Com isso, sua proposta seria desenvolver suas habilidades até o nível de excelência que empresa precisasse para atingir as metas de resultados do “nosso” negócio, sendo ele livre de padrões já habituados da empresa, podendo servir inclusive como fonte criativa para novas ideais nos projetos x, y e z… Isso elevaria suas chances de contratação consideravelmente.

Abaixo o modelo de círculo dourado proposto por Simon Sinek:

O que: Toda pessoa sabe dizer o que faz na empresa, assim como as organizações sabem o que produzem e quais produtos oferecem ao mercado. Quando perguntado a um laticínio o que ele faz, muito provavelmente ele responda: “leite e derivados”.

Como: Algumas pessoas conseguem dizer como fazem suas atividades e descrevem suas rotinas de trabalho. Na visão da empresa, essa descrição é o processo empresarial sendo mapeado, com confecção de POP´s e manuais de procedimentos. No exemplo do laticínio, pode ser a descrição do processo fabril desde a coleta do leite até o envasamento e disponibilização no mercado para consumo.

Por quê: é entender o que fazemos e descobrir qual nosso papel na organização, seja em nossas atividades, seja na sociedade e grupo que estamos vivendo; é estar alinhado com o propósito da organização estando conectado com seus valores, crenças, metas e objetivos; é estar comprometido com suas entregas nos prazos, gerando os resultados que a empresa espera, mas não por pressão e salário, mas, sim, por acreditar que pode contribuir com a equipe, clientes, fornecedores com sua forma. É fazer tudo isso de forma a criar um ambiente harmônico entre vida pessoal e profissional. É sentir-se feliz com o resultado de sua contribuição no que a empresa se propõe. No exemplo do laticínio, é entender que faz parte de uma cadeia alimentar que gera valores nutricionais, como proteína e lactose, contribuindo, assim, para o crescimento saudável de crianças da sua região de atuação.

Por incrível que pareça ainda existem pessoas que não conseguem entender o que fazem, ou seja, não conseguem conectar com a parte externa do círculo; nesse caso, a empresa errou na contratação, colocando a pessoa certa no lugar errado, ou vice-versa. Assim, como suas habilidades e competências são ignoradas e você se dedica somente ao emprego em troca de salário, como por exemplo, você realiza um concurso ou candidata-se a uma vaga buscando estabilidade financeira, porém as atividades exercidas nada tem a ver com sua área de preparação e fica subutilizada na realização de suas tarefas.

Isso não significa dizer que não podemos alterar nosso estágio de entendimento e buscar nossa conexão com a equipe e com nossa liderança. Durante minha vida executiva, presenciei excelentes profissionais abrirem mão de anos de dedicação em empresa por acreditarem que, ao trocarem de emprego, teriam maior realização profissionais, com exceções… Os fantasmas continuaram, pois passando a fase da euforia inicial do novo ambiente corporativo, a situação de acomodação e insatisfação se repete, uma vez que o porquê de nos dedicamos a determinada tarefa ainda não foi encontrado, e a conexão ainda não foi realizada e não depende da empresa, mas, sim, do profissional encontrar seu caminho de entendimento e reflexão de qual seu papel dentro da empresa. Podemos sim, com ajuda de bons profissionais de Recursos Humanos e gestores qualificados, amenizar e criar caminhos, mas a decisão final de fazer parte de algo é individual de cada um, pois temos escolha de trocar nosso serviço por salário ou correr o risco de fazer a diferença no meu mercado e assumir promoções e desafios que somente os melhores preparados terão coragem de fazê-lo.

Sinek, propõe que podemos desenvolver nossas habilidades e competências no que fazemos, seja nas atividades ou nas empresas, porém, para isso, é necessário que você saiba quais são essas habilidades e competências e foque na sua preparação.

E essa competência também pode ser desenvolvida, desde que você saiba de que forma você pode fazer isso, seja por meio de mentoria, escola, universidade, troca de experiência, livros e etc. Nunca tivemos tantos conteúdos à disposição no mundo, logo não buscar o seu conhecimento para tornar possível uma melhora em sua atividade é uma opção. Em contrapartida vivemos com muito conteúdo que deve ser filtrado, pois deve-se cuidar a preparação de quem escreve e a origem de suas ideias, para evitar buscar posições incorretas e incertas, mas sim as que acrescentem em seu desenvolvimento.

Saber o porquê é importante para você realizar sua atividade, é um verdadeiro mergulho no seu íntimo e saber como pode contribuir é um desafio que pode ser a diferença entre um profissional comum e um extraordinário. Perguntas como “O que empolga você?” ou “O que realmente deixa você feliz?”, que traz aquele sorriso involuntário, pode ajudá-lo a ter uma visão mais profunda de quais são suas raízes da produtividade.

Essa reflexão reflete ao seu íntimo motivacional, pois o sucesso empresarial não está vinculado ao que fazemos, mas por que fazemos, desde produtos, serviços e tarefas. Se quer ter uma família feliz, a primeira pessoa que deve estar feliz é você mesmo, ao mesmo tempo que se quer ter sucesso nos negócios, a vontade, dedicação e envolvimento deve ser do próprio líder em um grau altamente profundo, buscando constantemente uma conexão entre os membros da equipe, a fim de que o resultado seja sempre excelência.

Mike Tyson certa vez, em uma entrevista para uma emissora de televisão foi questionado se era verdade que ele acordava às 4h da manhã para correr. Ele respondeu: Não! Às 04h já estou correndo…. “Mas você é Campeão Mundial, pra que tudo isso?” Tyson disse: Por isso mesmo, a esta hora todos meus adversários estão dormindo, e se eu souber que algum deles está correndo às 4h também, vou começar a correr às 2h, e se algum correr às 02h, vou parar de dormir para treinar. É por essa razão que me mantenho no topo… A responsabilidade é toda minha, não deles…

Por conseguinte, para a busca constante da produtividade, carreira, promoção, sucesso ou como preferir chamar, prefira olhar de dentro para fora do que realmente é importante para você. A moeda “tempo” é muito valiosa para deixar outras pessoas decidirem o que é bom para você. Boa sorte!

Max Schaefer – Founder e CEO da Smart Boss – Gestão Estratégica para Negócios, e Mentor especialista em estratégia empresarial.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *